terça-feira, 31 de março de 2015

Como Aprendem as Crianças


Durante estes dias em que as crianças foram passar uns dias com os avós fiquei liberta para poder, finalmente, ler a pilha de livros que tenho na minha mesa de cabeceira. Embora acredite que a experiência do dia a dia a educar 3 crianças, brevemente 4, me ensina muita coisa, tenho sempre vontade de ler mais sobre aquilo que acredito ser a educação livre. É como se procurasse uma espécie de confirmação daquilo que venho constatando ao longo destes 3 anos em Ensino Doméstico e muitas vezes é apenas uma busca de inspiração. 
Neste momento estou embrenhada no livro "Dificuldades em Aprender" do John Holt, cujo título em português é, quanto a mim, uma péssima tradução do original "How Children Fail". Digo má tradução porque o livro fala justamente daquilo que faz com que as crianças falhem a determinada altura do seu percurso escolar e essa falha não tem nada a ver com dificuldades em aprender, mas sim, na forma como os adultos, erradamente, as tentam ensinar. A culpa das dificuldades das crianças é nossa, por muito que nos custe aceitar tal facto. As crianças falham, claro, como todo o ser humano de resto, mas as dificuldades, ou aquilo a que nós educadores chamamos de dificuldades, são criadas por nós quando achamos que temos que lhes ensinar seja o que for. E muitas vezes achamos que temos que lhes ensinar determinada coisa apenas porque determinámos que lhes vai fazer falta e nunca esperamos que eles sintam essa necessidade. Nenhuma criança, e quanto a mim, nenhum ser humano, aprende algo que não seja o que quer aprender. Por muito que despejemos conteúdos e conceitos na cabeça de alguém, esse alguém só verá neles utilidade se for isso que necessita naquele momento. Por isso, se queremos ver as crianças no seu melhor, curiosas, sonhadoras, devíamos ir ao encontro das suas  necessidades, dos seus interesses, dos seus sonhos. 
Neste livro, a certa altura, o autor dá-nos uma lista de 4 coisas que devemos ter em mente quando acompanhamos as crianças no seu dia a dia de desenvolvimento das suas capacidades e conhecimentos:

     1: as crianças não precisam de ser ensinadas para aprenderem e aprenderão mais e provavelmente melhor sem serem ensinadas.
     2: as crianças estão profundamente interessadas no mundo dos adultos e no que nele se passa.
     3: as crianças aprendem melhor quando as coisas que aprendem estão integradas num contexto de vida real e fazem parte do que George Dennison, no seu livro The Lives of Children, chamou "a experiência contínua"
     4: as crianças aprendem melhor quando a sua aprendizagem está relacionada com um objetivo imediato e sério.

É nisto que eu acredito com toda a convicção. Se é fácil por em prática quando temos metas curriculares para cumprir e datas de exames a aproximarem-se? Não! Mas não é para ser fácil, é para ser apaixonante, é para ser verdadeiro, e isso depende apenas de nós pais e educadores, se queremos esperar pelas crianças e vê-las crescer saudáveis e felizes, ou se queremos o sucesso imediato a qualquer custo. 

terça-feira, 24 de março de 2015

Lavatórios, Icebergs e Filmes


Hoje de manhã, na casa de banho, o pequeno Simão perguntou para que serve aquela ranhura do lavatório que fica por baixo da torneira. Depois da explicação teórica, enchemos o lavatório com água até começar a sair pela ranhura e fui-lhe fazendo perguntas. Se sair mais água pela torneira do que aquela que sai pela ranhura o que acontece à água do lavatório? E se for ao contrário, o que acontece? O Simão foi respondendo e percebendo a relação entre a quantidade de água que entra e a que sai dependendo do fluxo em cada lado. Com uma taça de plástico, o Simão fez um barco e tentou fazer outro com um copo e percebeu que a taça fica a boiar, mas que o copo vai ao fundo "porque o copo é mais magro", segundo ele. Depois disse que a taça, se ficasse cheia de água ía ao fundo como o Titanic. Aí começaram as minhas perguntas:

- Porque é que o Titanic foi ao fundo?
- Porque bateu numa rocha gigante.
- Numa rocha?
- Numa rocha de gelo. Numa montanha de gelo.
- Como se chamam essas montanhas de gelo?
- Iceberg.
- E algumas pessoas no barco morreram como?
- De frio
- Que se chama hipotermia
- Pois. Hipotermia. O coração começa a bater muito devagar e depois para.

Como já tinhamos visto este filme há uns meses achei interressante como a informação mais importante ficou retida na cabeça do nosso Simão que ainda nem fez 5 anos. Mais uma vez me apercebi de como as crianças aprendem com tanta facilidade e prazer quando o tema lhes interessa e a forma é lúdica. E com isto posso demonstrar como para nós, cá em casa, os filmes são uma ferramenta de trabalho importantítissima.

Estas foram algumas das perguntas que ficaram na cabeça dos mais pequenos depois do filme e para as quais procurámos respostas:

- Como se morre de hipotermia e porquê. 
- Com é que um iceberg consegue estragar um barco tão grande.
- Porque é que as pessoas morriam com a queda do barco, com o impacto.
- Porque é que os ricos e os pobres viajavam em zonas diferentes do barco.
- Porque é que algumas pessoas ajudavam os outros e outras nem por isso.
- Porque é que na viagem entre Southampton e Nova Iorque foram para águas tão geladas? 

Durante a nossa pesquisa sobre a hipotermia descobrimos este video alucinante sobre um Britânico que mergulha e nada em águas geladas. Este vídeo levou-nos para além da hipotermia, para o tema do aquecimento global no Planeta. Mais um tema a explorar. Só falta encontrar um filme à altura!!


sexta-feira, 20 de março de 2015

Este Momento #45



{este momento} - Um ritual de Sexta-feira. Uma simples foto, sem palavras, capturando um momento da semana. Um momento simples, especial e extraordinário. Um momento que eu quero parar, saborear e recordar.
A primeira vez que vi esta ideia foi no blogue A Horta Encantada e achei fantástica. Tenho fotos aqui guardadas que não sabia o que lhes fazer, mas gosto delas por serem momentos especiais cá de casa. Quem as vir, não vai sempre entendê-las, mas para mim são especiais.

A ideia original saiu do blogue soule mama.

quarta-feira, 18 de março de 2015

O 4 de Julho - Ensino Doméstico

Resultado de imagem para o patriota filme
Muitas pessoas me perguntam como faço ensino doméstico, se sigo o curriculo, se faço fichas, se temos um horário rígido, como os avalio e sei o que sabem e tantas outras questões que entendo que pairem na cabeça das pessoas.
Bom, a minha resposta é sempre que depende da criança, da sua idade e principalmente dos seus interesses. Sim, porque mesmo com um currículo para cumprir e exames para fazer, tento sempre seguir os interesses deles porque sei que as crianças só aprendem o que querem aprender e quando querem aprender. Não vale a pena despejar-lhes curriculos se o tema não for aquele que lhes interessa naquele momento e por outro lado, no que diz respeito a fichas, que poucas crianças gostam de fazer, só servem para aferirmos o que eles já sabem e eu faço-o de muitas outras formas. Eu vivo com eles 24 horas por dia!
Aqui em casa, a matemática é o único tema que estudamos usando um método bastante tradicional e por vezes com exercícios escritos, mas todas as outras disciplinas são trabalhadas de uma forma muito pouco estruturada e com muito pouco suporte escrito da parte das crianças. Qualquer um dos meus filhos tem uma forma de aprender bastante parecida com a minha, gostamos de histórias e de exemplos concretos para perceber as coisas. Pode até ter alguma influência da minha parte, mas já tentámos outras formas de aprender que não funcionaram tão bem. Alías, a Madalena, que está este ano na escola diz muitas vezes com um ar triste que gostava da forma como aprendiamos em casa. Digo aprendiamos, porque eu também estou em constante aprendizagem, pois muitas vezes tenho que procurar informação e ler sobre determinado tema para depois o poder discutir com eles.
Bom, como me fazem sempre muitas perguntas sobre como trabalhamos, resolvi escrever aqui sobre isso. E hoje, para começar sem ser de uma forma apenas teórica, vou dar-vos um exemplo bem concreto e prático de como aprendemos o que eles querem aprender.
Ontem na biblioteca, o Lourenço pediu para trazermos o filme, "O Patriota", para vermos em casa. Eu sei que ele adora filmes épicos e de guerra e pensei que era uma forma muito simples e apelativa de falarmos do tema do filme, a guerra da independência dos EUA. Assim, ainda antes de vermos o filme, fui procurar informação que me explicasse a mim, os factos históricos sobre aquele tema, para que os pudesse explicar ao Lourenço de uma forma acessível e rápida, que nestas coisas não vale a pena alongarmo-nos com explicações que ultrapassem o entendimento deles. Aproveitámos para olhar para o mapa mundo que temos na nossa parede e ver onde fica a Inglaterra e os EUA e percebermos que naquela altura, século 18, se navegava por mar para chegar ao outro lado do oceano e conquistar novos territórios. 
Durante o filme também falámos das roupas que usavam na altura, que tipo de armas existiam, o que era uma milícia, de como funcionavam os mensageiros para distribuir correio, de como não havia telefone nem carros, de como não havia eletricidade e de como brancos e negros conviviam naquela altura. Aprendemos imenso!  
Claro que muitas pessoas acharão que este filme não é para a idade deles, mas isso é outro tema a debater. Para mim, depende da criança e daquilo que ela é capaz de assimilar. No nosso caso vemos quase todo o tipo de filmes, mas isso é uma decisão de cada família. 
Aqui deixo-vos também o texto que usei para lhes explicar a história do filme.


"4 de Julho, Dia da Independência dos Estados Unidos da América. Muita gente não tem ideia do que esta data significa para o povo americano. Tudo começou em 1607. Naquele ano, um pequeno grupo de colonizadores fundou a primeira colónia inglesa permanente na América. Posteriormente, 13 outras colónias espalharam-se pela costa Atlântica todas elas sob o domínio do rei da Inglaterra e com mais de 2 milhões de colonizadores. No centro, Pensilvânia, New York, New Jersey e Delaware; no norte, Massachussetts, New Hampshire, Rhode Island e Connecticut e no sul, Virginia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Georgia. Quando a Inglaterra resolveu cobrar impostos dos colonizadores, muitos se recusaram a comprar os produtos tributados dando início a uma grande revolta contra a Inglaterra. Um acto contra a cobrança de impostos, de grande importância em 1773 foi o “Boston Tea Party” que aconteceu em Boston, Massachussetts, onde colonizadores, disfarçados de indíos, destruiram mais de 3 centenas de caixas de chá retirando-as dos navios ingleses e atirando-as ao mar. Várias leis intoleráveis impostas pela Coroa Inglesa provocaram a convocação do primeiro Congresso Continental de Filadélfia, em 1774, pedindo ao Rei e ao Parlamento a revogação da legislação autoritária e igualdade de direitos aos colonizadores. Tais revoltas dão início à Guerra da Independência em 1775. Um ano depois foi formulada a Declaração da Independência para proclamar a separação das 13 colónias americanas da Inglaterra que foi escrita por uma comissão de 5 membros e liderada por Thomas Jefferson, e promulgada em 4 de julho de 1776 em Filadélfia por delegados de todos os territórios. A Declaração dos Estados Unidos da América é inspirada nos ideais do Iluminismo e defende a liberdade individual e o respeito dos Direitos Fundamentais do Ser Humano. A data de 4 de Julho é o mais importante feriado americano. Celebrado com paradas, eventos desportivos e fogo de artifício. A bandeira americana é hasteada e decorações com fitas azuis, vermelhas e brancas são utilizadas em cerimónias públicas."(texto retirado daqui, mas com pequenas alterações para português)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Mix de Legumes no Forno


Ontem apeteceu-me algo diferente, saboroso, sem carne, mas com um sabor especial. Depois de meditar no assunto a tentar perceber o que iria inventar, saiu-me esta ideia. Acho que foi mesmo o pequeno Matias, que habita perto do meu estômago e que já tem vontade própria no que diz respeito a paladares. 
Espero que gostem desta receita super simples, como sempre, mas super saborosa também.

Ingredientes:
1 chouriço de soja da provida
1 beringela 
4 cenouras 
3 batatas doces
12 cebolinhas chalotas
Oregãos
Vinho branco 
Azeite
Sal

Preparação:
Cortar todos os legumes em pedaços com mais ou menos uns 3cm de diâmetro (gostaram desta precisão matemática?). Dispô-los num pirex que vá ao forno.
Cortar o chouriço de soja em rodelas e deitar por cima dos legumes. 
Temperar tudo com vinho branco, sal, azeite e oregãos a gosto.
Levar ao forno a 180ºC cerca de uma hora ou até os legumes estarem macios.
Acompanhar com um arroz de brócolos bastante apreciado cá em casa cuja receita aqui deixarei noutro dia.
Bom apetite,
Raquel


sexta-feira, 13 de março de 2015

Este Momento #44




{este momento} - Um ritual de Sexta-feira. Uma simples foto, sem palavras, capturando um momento da semana. Um momento simples, especial e extraordinário. Um momento que eu quero parar, saborear e recordar.
A primeira vez que vi esta ideia foi no blogue A Horta Encantada e achei fantástica. Tenho fotos aqui guardadas que não sabia o que lhes fazer, mas gosto delas por serem momentos especiais cá de casa. Quem as vir, não vai sempre entendê-las, mas para mim são especiais.

A ideia original saiu do blogue soule mama.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Batido Verde com o Super Poder das Bagas de Goji


Aqui por casa continuamos viciados em batidos verdes ao pequeno almoço, mas para dar as boas vindas à primavera, juntámos bagas de goji para uma cor mais primaveril.
As bagas de goji contém 18 aminoácidos, muitos minerais como o zinco, cobre, ferro, calcio, fósforo e selénio. São ricas em vitaminas B1, B2 e B6 e ajudam a fortalecer o sistema himunitario.
Durante os dias frios aquecemos os nossos batidos a 37ºC, para não arrefecer o organismo ainda mais, pois já chega o frio que está na rua. Aqui em Sintra, as manhãs continuam frescas, bem fresquinhas, por isso os batidos continuam quentinhos. A cor mudou para dar as boas vindas à primavera, mas continuam cheios de verde na sua essência. 
Bom apetite!


Ingredientes:
1/2 couve coração cortada em pedaços pequenos
2 bananas
3 tangerinas com caroços
8 uvas
1/2 abacate pequeno
1 colher de sopa de bagas de goji

segunda-feira, 2 de março de 2015

Passeio na Falésia da Adraga

No início deste ano, com a mudança de casa para Almoçageme, prometi aos rapazes que iriamos fazer mais passeios ao ar livre e que iriamos ainda mais vezes à praia já que agora é mesmo aqui em baixo. Sempre que tenho um pedido para irmos passear largo tudo e aí vamos nós, porque acredito que não há nada melhor para fazermos juntos e sempre apanhamos ar fresco e fazemos exercício, que bem preciso para me manter em forma com esta barriga a crescer sem parar!
Os miúdos queriam muito ir visitar as grutas por cima da praia da Adraga e então lá fomos os 3, ou os 4, subir a falésia até lá acima e fizemos uma caminhada até à Pedra d'Álvidrar, demos a volta por cima da falésia e descemos novamente até à praia.
Neste blogue aqui de Sintra podem encontrar a lenda da Pedra d'Alvidrar e algumas explicações sobre o que é essa mesma pedra.
A vista é magnífica e estava um dia maravilhoso.