Alguém escreveu no Público de dia 18 de maio de 2014: "Exames transformaram escolas em centros de treino." Está lá para quem queira ler.
E eu vou escrever mais uma vez, e outra, e outra, e as que forem precisas até se fartarem de me ler.
Chamaram-lhes "centros de treino", pois eu diria "campos de treino" que quase que soa a "campos de trabalho", a escravidão, porque é isso que me faz lembrar. E onde é que queremos chegar? É mesmo isto que queremos para esta geração? Uma geração que só sabe responder a perguntas para as quais "treinou" afincadamente? Onde é que fica o espaço para o verdadeiro conhecimento, para a discussão de ideias, para as opiniões, para o debate, para a diferença? Sim, para a diferença, aquela diferença, perigosa para alguns, que põe em causa muita coisa. Se não tivesse sido essa diferença há uns séculos atrás, ainda hoje achávamos que a terra era o centro do universo. Houve quem tivesse sido apedrejado até à morte por ter tido ideias tão bizarras. Não será o mesmo, o que estamos a fazer aos nossos filhos? Estamos a matar o espírito crítico das crianças, estamos a dizer-lhes que está tudo inventado e que eles não servem rigorosamente para nada senão obedecer e aceitar o instituído. E isto é assustador, tão assustador que até custa a acreditar!
Infelizmente nós, pais, temos que pactuar com esta treta se não quisermos que os nossos filhos "fiquem retidos" ano após ano nestes tais "centros de treino" que mais parecem campos de trabalho.
A escola deixou de ser um local onde se aprende para ser um local onde se treinam respostas que são avaliadas através de critérios que não deixam margem de manobra, em que só existe certo e errado.
Será mesmo isto o que queremos para os nossos filhos?
Eu, definitivamente, não!